A MÚSICA NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

“É principalmente aos músicos que mais se deve a teoria do Yin e do Yang (...) A Música, a arte mais alta, nos permite reencontrar essa espécie de clareza instintiva que é de algum modo, “a linguagem natural” elementar dos animais e das coisas, a tradução da vida profunda(...) Ninguém pode subtrair-se a lei universal do ritmo: é o que entende Khi-Pa quando dá a seu Imperador Huang-di, as regras terapêuticas e dietéticas que asseguram uma longa vida. Na idade antiga, os homens viviam segundo o Tao, eles observavam a lei rítmica do Yin e do Yang”.

Os antigos chineses tinham uma compreensão ampla das relações. entre o Céu, o homem e a terra. Eles afirmavam que em primeiro lugar houve o Wu Chi, a vibração primordial ou Som cósmico que se distingue em Tai Ch’i que cria os Dois Tons (polaridade Yin/Yang), que então se subdivide em 12 tons, ou Lu. (Fig. 1 - Taichi (ying-yang) imutável absoluto e Yin-yang, móvel, relativo e a divisão dos 12 Lu (Tons). 

Eles acreditavam que a música encerrava nas suas modulações tonais os elementos da ordem Celestial que governam o Universo, desta maneira todo som audível é uma forma de manifestação do som Superfísico Fundamental Este Som Fundamental é inaudível, e se acha presente em toda parte, pois é a Vibração divina Primordial, que por sua vez se divide em doze sons ou tons menores, cada um dos quais é uma emanação e aspecto do Som Fundamental mais próximo ao nosso plano físico e se relaciona com os doze Tons cósmicos associados a cada uma das doze regiões zodiacais do céu ou troncos celestes e a influência que suas freqüências vibratórias exercem sobre a Terra.

As modulações vibratórias (sons) influenciam a Terra com uma oscilação regular segundo ciclos horários, diários, semanais, quinzenais, mensais, sazonais, anuais, todos catalogados em tabelas astronômicas/astrológicas. O ano geomântico foi dividido em 12 notas, 6 Yin, e 6 Yang, cada qual designado a um dos cinco Elementos(madeira, fogo, terra, metal, água)

Os antigos filósofos chineses encontraram uma relação ente fenômenos aparentemente não conectados como um tipo de ressonância entre os mesmos. Vários tipos de fenômenos estariam unificados por uma qualidade comum indefinida, assim como dois diapasões vibrando em uníssono.

Inúmeras lendas chinesas referem-se ao poder da música sobre os elementos e os fenômenos da natureza, sobre os quatro aspectos do homem: mente abstrata, mente concreta, emoções e o corpo físico.

É atribuído ao lendário imperador Huang-Di o fundador da Medicina a invenção da escala cromática chinesa, ou os 12 Lu. Os 12 Lu são as alturas ou os tons dentro da oitava, relacionadas umas com as outras, com os meses e estações do ano e órgãos e regiões do corpo humano.

Os chineses foram os primeiros a estudar as propriedades dos sons muito antes de Pitágoras (Século VI ªc) e desenvolveram sua pesquisa a partir das notas emitidas por tubos sonoros (seis tubos Yang e seis tubos Yin) em relação aos 12 meses do ano. Essas proporções eram exatas e baseava-se em intervalos de Quinta Ascendentes.

Documentos anteriores a 3000 ªc, mostram a importância dessas relações. Eles constataram que uma série de quintas produzirão doze notas distintas antes que estas voltem a se repetir. (Fig. 2 - O ciclo das quintas)

Essas doze notas colocadas em uma série incluem todos os semitons de nossa escala ocidental. Começando na parte mais grave do piano, o círculo pode ser tocado até a décima terceira nota no alto, sete oitavas acima, que é a mesma com que foi iniciado.
Por exemplo: Dó-Sol-Ré-La-Mi-Si-Fa#-Dó#-Sol#-Ré#-La#-Fa-Dó(Décima terceira nota).

Mas um aspecto intrigante é que quando voltamos a nota com que iniciamos desde que quintas tenham sido perfeitamente afinadas, constatamos que essa nota se tornou um pouco sustenido. É um dos mistérios da natureza, como o sabiam os chineses, por observação. Tivemos de esperar por Pitágoras para estabelecer a matemática precisa da diferença, atualmente conhecida como coma pitagórica. Sua existência é um aspecto importante da diferença entre a música ocidental e a de grande parte do resto do mundo- nossa música sempre se baseou em intervalos puros ou naturais (pelo menos nos últimos 2 séculos).

A descoberta do círculo de quintas foi gloriosa para os chineses, porque para eles o número cinco é sagrado, dividindo os elementos básicos em cinco: madeira, fogo terra, metal, água. A extensão dessa série em mais dois intervalos produziu as notas necessárias para completar uma escala maior, como conhecemos no ocidente. A música baseada nessa escala de sete notas tornou-se popular na China e, mais tarde, a música chinesa usou uma escala com todos os doze semitons que conhecemos. Os chineses também desenvolveram uma forma de notação musical. No entanto, a escala de cinco notas permaneceu sagrada e foi mantida para a música que expressa os mais altos ideais morais, éticos ou espirituais, ao passo que a escala de sete notas destinava-se a musica da corte ou da rua ou profana.

A filosofia chinesa admite a idéia de polaridade, em que duas forças opostas (não necessariamente contrárias) se interpenetram em toda a natureza que nos rodeia: o Yang (força positiva, masculina ) e o Yin (força negativa, feminina); assim, eles julgam que, dos doze Tons, seis são de natureza feminina e seis de natureza masculina, sendo responsáveis pela criação e sustentação do Universo. O número Um é o número da unidade, o número de Deus; assim, notas individuais são representações de Deus.

O número Dois significa a primeira diferenciação do Um, nas polaridades Yin e Yang, ou do Tao, representando as duas forças equilibradas e interativas, o conceito fundamental de todo o sistema filosófico chinês, onde tudo no Universo consiste na combinação destas duas forças fundamentais. É por isso que a musica executada no decorrer de um certo mês, deveria manter um Tom que fosse compatível com a tonalidade daquele mês, classificando-se as peças musicais como mais Yin ou mais Yang.

O Yin-Yang se manifesta de forma positiva ou negativa em todas as matérias. As manifestações opostas, tais como o dia e a noite, o frio e o calor, o masculino e feminino, a escala maior e menor, são a manifestação dos fenômenos opostos da natureza.

É a integração destas forças contrárias que se chama de Tai-Chi. (ver Fig. 1)


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